domingo, 30 de novembro de 2008

Azul


O tudo é azul, sabia?
Só agora me dei conta...

Podes achar obsceno,
Mas garanto que não há conotação,
Eu literalmente mergulhei no mundo
Despida de qualquer fantasia
Nua, sozinha, crua.

Teus olhos procurarão algo sexy
Mas só verão a mim
Sem roupas, sem quereres, sem máculas.
Não te basto?

A calmaria destes dias
Mostram que o tudo é azul.
Como o mar de outras terras,
Azul infinito e profundo.

Imersa neste mundo
Absorvo o novo
Planejo o próximo momento
Respiro a vida

Aqui, onde tudo é azul,
Meus olhos não têm lágrimas
Meu corpo não tem marcas
Minha alma está lavada.

* Azul veio do flickr.com/jakalito

sábado, 29 de novembro de 2008

A maldição do Tempo

Quero escrever.
Sinto a urgência das palavras
Que insistem em me assombrar
Nas horas mais estranhas do dia

Mas o Tempo está contra mim
As Horas estão de complô
E fazem greve
Uma greve insana,
Às avessas – andam aceleradas,
Passando a correr pelo meu relógio

O Tempo se esvai,
Escorre pelos meus dedos,
Pingando no chão infértil,
Num estalido metálico irritante

Quero escrever!
Quero colocar todas as idéias loucas
Que passam pela minha cabeça,
A me corromper os sentidos
A me sacudir o corpo

Mas o Tempo passa rápido
E leva consigo a ordem
Abrindo espaço pra Morfeu
Que, sorrateiro
Invade minha cama
E me toma como amante
Na terra dos sonhos

Horas malditas!
Que me arrastam por prazeres deletáveis
Me desviando o rumo

Quero escrever!
E colocar pra fora a angustia
Causada pelas palavras
Que me rasgam a alma

Mas estas são palavras fracas
E cansadas pelo Tempo
Não têm a esperança pra conquistar o mundo

Tempo assombroso
Que me mata a cada segundo
E me entorpece
E me adormece
Com seu tic-tac hipnótico

Quero escrever!
Mas um bocejo
É o marco
É a lona
É o fim.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Depois do fim

O que dói no meu peito?

Que dor é essa, que me estrangula a garganta

Me impede a fala e anestesia todos os sentidos?


Enganei-me pensando que de amor doía

Na verdade, morriam meus sonhos

E a agonia do fim, traduzida em dor

Era tudo o que eu sentia.


Morreram as tarde na praia

Os passeios pelos jardins do Rio

As fantasias criadas pra te envolver

Sua falta se faz presente

Nos planos apagados

Nos dias vazios

Na nova rotina que imperiosa

Se faz necessária.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Exibida


Nas palavras exercito meu lado exibicionista
E faço catarse produtiva.
É uma tentativa de te trazer pra mais perto
E pra me fazer conhecer
Me sinto em desvantagem
Por não ler nos seus olhos
As frases que gostaria de escutar
Me sinto perdida
Por inventar legendas
Pra atos desinteressados

Seriam de fato?

Jogos?! Só os de sedução
Daqueles que dão frisson
Só de repensar a cena
Então... pra que me esconder?
Quando quero me mostrar
Pra que fingir
Se pretendo te agarrar?
Mas não faço mistérios
Já sou misteriosa demais
Sem tentar mostrar
O que não sou
Sou direta sim
Sei o que quero
Sei aonde chegar

* Ui... essa veio do flickr.com/nyki_m

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Homem objeto


Homem objeto, exibido pelas ruas da cidade, nos chás de caridade, pras tias velhas empoadas. [Calem-se!] Não enxergam que estou acompanhada? Não percebem o quanto sou amada? Sexo todo dia, café na cama [um love-doll sem conceito, um amante sem desejo]. Romance de novela da Globo na minha vida! Vocês não adoram o meu bibelô?...


Bonequinha de lixo, aprendi cedo a fazer meus caprichos, seduzir sem me deixar encantar... Pra montanha-russa de emoções basta um bilhete do parque. Comprei, me enganei, caí.


Maquiagem borrada, máscara arrancada, coração ferido, me descobri humana, afinal. [Amei o deus errado]. Tirei meus ídolos da parede. Dorian Gray foi destituído.


Da carne, com gosto de desejo, ficou a saudade.

Da boca, de sorriso fácil, só restou indiferença.

No vaso rachado, as rosas murchas da minha paixão.


Homem, não se engane, você é o objeto do meu mais doce amor... Persona onipresente, que até em sonhos te vejo. Criança grande e terna, pra sempre vou te amar.


* Essa foto veio do flickr.com/hagerstenguy

terça-feira, 25 de novembro de 2008

A dança


Meus pés já estão cansados de tanto trilhar, tanto dançar, tanto tropeçar... Parada, ali a esperar mais uma coreografia da vida, questionei minhas escolhas, meu ritmo, meus passos. Com o tempo contado e olhos atentos aos meus gestos, me senti perdida na multidão, que no mesmo compasso seguia em frente. Dancei.


Embalada por sons externos, mais uma vez esqueci de me ouvir... Sem tempo ou contra-tempo, sem compassos ritmados, estava agora no total silêncio - daqueles densos, afiados e desafiantes. Dancei.


Na companhia de outros, perdi o fluxo. Dancei.


Mas só pra você imagino solos inesquecíveis, passos sedutores,e invento uma dança feita de mãos, bocas, olhos, pernas...


Canta pra mim... quero dançar pra você...


* Essa foto veio do flickr.com/imagemcompartilhada

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O BEIJO


Do lábio entreaberto

Sai a língua úmida

A testar a maciez da carne

A provocar o olhar alheio

A instigar o desejo


Na boca sedenta

Os alvos dentes

Marcam o lábio inferior

Numa mordida despudorada

Tingindo de sangue o tesão


O aproximar é lento

E marcado pela respiração sofrida


O encontro é suave

E molhado pela vontade latente


O enroscar das línguas é demorado

E saboreado pelos sentidos


Sem pressa, te devoro

Minha boca na sua

A querer seu ar

A roubar sua calma


Fusão de almas


Vem, beija a minha boca

E esquece do mundo...


* A foto perfeita veio do flickr.com/vesperis

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sexta-feira

Dia de feira, do jeito que eu gosto.
Cor, sabor, aromas. E o melhor pastel de queijo...
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