sábado, 29 de novembro de 2008

A maldição do Tempo

Quero escrever.
Sinto a urgência das palavras
Que insistem em me assombrar
Nas horas mais estranhas do dia

Mas o Tempo está contra mim
As Horas estão de complô
E fazem greve
Uma greve insana,
Às avessas – andam aceleradas,
Passando a correr pelo meu relógio

O Tempo se esvai,
Escorre pelos meus dedos,
Pingando no chão infértil,
Num estalido metálico irritante

Quero escrever!
Quero colocar todas as idéias loucas
Que passam pela minha cabeça,
A me corromper os sentidos
A me sacudir o corpo

Mas o Tempo passa rápido
E leva consigo a ordem
Abrindo espaço pra Morfeu
Que, sorrateiro
Invade minha cama
E me toma como amante
Na terra dos sonhos

Horas malditas!
Que me arrastam por prazeres deletáveis
Me desviando o rumo

Quero escrever!
E colocar pra fora a angustia
Causada pelas palavras
Que me rasgam a alma

Mas estas são palavras fracas
E cansadas pelo Tempo
Não têm a esperança pra conquistar o mundo

Tempo assombroso
Que me mata a cada segundo
E me entorpece
E me adormece
Com seu tic-tac hipnótico

Quero escrever!
Mas um bocejo
É o marco
É a lona
É o fim.