Eu vou dormir. Espero que respeitem a plaquinha de não perturbe na porta, porque estou exausta. Andei horas a procurar este hotel. Na verdade foram dias. Aliás, minha vida inteira. Fiquei sabendo deste hotel em sonho... acho que foi. Porque o passado me parece névoa, agora. Estou cansada. Queria começar uma vida nova, mudar a ID e tentar algo novo. Nada de codinomes. Nada de personagens. QUERO UM NOVO EU. Mas, pra falar a verdade, já me acostumei com essa velha cara no espelho, e – mesmo sem querer, não respondo pelo meu próprio nome. Há tempos criei uma máscara, um artifício pra ser outra. Só mamãe sabe quem sou. Eu mesma preciso me descobrir. É pra isso que vim pra cá. Cheguei nesta nova etapa. E o hotel é um marco. Sacanagens fazem parte, já aviso. Pretendo ser várias, até me achar. Se na vida me perco, no sexo me acho. Começo de tudo, não? Pois então, que seja. Mas agora, me entrego a Morpheu, pra só depois despertar neste quarto que ainda não vi... 69 é o número.