segunda-feira, 14 de abril de 2008

Tô pensando...

Quem me conhece de perto sabe o quanto reclamo desse período de suspensão, que parece instalado na minha vida, nos últimos meses - até parece as primeiras páginas de Neve, chatas! Aproveito para pensar na vida – nas expectativas e frustrações de cada dia.

Estas linhas podem parecer variações do mesmo tema. Mas o que posso fazer se este é um assunto recorrente na minha cabeça? Como nas primeiras páginas enfadonhas do tal livro, a leitura continua até eu passar para o próximo capítulo.

Não sei se acredito em um ser superior, dono de toda A Verdade, onisciente de cada próximo passo meu. Mas, certas horas, me sinto marionete do meu destino. Vejo claros sinais a apontar um caminho. Essas sincronicidades assustam e encantam a você também? A mim, sim. Quer um exemplo?

Outro dia, ligo a TV a tempo de acompanhar, desde o início, o episódio Great Expectations [olha bem o nome!], de Grey’s Anatomy. [Friends e Sex and the City foram as últimas séries que acompanhei]. A locução de Meredith Grey no comecinho me chamou a atenção: “ninguém nunca pensou que sua vida seria boa. E sim, ótima... criamos expectativas”... Fisgada, me deixo prender na telinha e acompanhar os jovens cirurgiões do Seattle Grace.

Até tu, Brutus?

Fruto de uma sociedade que estimula o expoente, mas na base fomenta a massificação-que-emburrece, essa ânsia de ser e fazer a diferença é minha perdição. SuperAção é a palavra de ordem - não contente em competir com outros tantos, travo uma auto-competição sem benevolência nem trégua.

Nada entendo do mercado de ações, mas sei que quanto maior o risco, maior o ganho. E assim, sou convencida por mim mesma de que é preciso fazer mais. Ir além. Pensar fora da caixa. Ampliar meus limites. Pensar o que ninguém jamais ousou. Ser diferente. Ser única e insubstituível – alguém, por favor, pegue um pouco de kryptonita para acabar com esses devaneios Super-Mulher?

Tudo bem, eu sei que tudo isso é normal. Que muitos sofrem dessas angústias. Não sou a primeira, e certamente não serei a última. Os normais são poucos entre nós – medicados ou não. O doutor Valentim Gentil Filho que me perdoe: se Van Gogh tivesse tomado Pondera, ou qualquer outra droga da farmacologia atual, sua obra pós-psicoterapia teria sido muito chata.

Concordo com o doutor Valentim que, em seus devidos graus, ansiedade, instabilidade de humor, TPM, insegurança, desconfiança, irritabilidade e tristeza são aceitáveis. E no que difere os normais do normal: a capacidade de cumprir compromissos e de pensar de uma forma razoavelmente clara – independente da interferência desses sentimentos.

Caramba, eu sou normal! O que, talvez, me deixa fora deste grupo seja o meu pensamento-hipertexto-não-linear que-abre-janela e-volta-pro-assunto-anterior. Tô ferrada!