sexta-feira, 28 de março de 2008

Homem Objeto

Homem objeto, exibido pelas ruas da cidade, nos chás de caridade, pras tias velhas empoadas. [Calem-se!] Não enxergam que estou acompanhada? Não percebem o quanto sou amada? Sexo todo dia, café na cama [um love-doll sem conceito, um amante sem desejo]. Romance de novela da Globo na minha vida! Vocês não adoram o meu bibelô?...

Bonequinha de lixo, aprendi cedo a fazer meus caprichos, seduzir sem me deixar encantar... Pra montanha-russa de emoções basta um bilhete do parque. Comprei, me enganei, caí.

Maquiagem borrada, máscara arrancada, coração ferido, me descobri humana, afinal. [Amei o deus errado]. Tirei meus ídolos da parede. Dorian Gray foi destituído.

Da carne, com gosto de desejo, ficou a saudade.

Da boca, de sorriso fácil, só restou indiferença.

No vaso rachado, as rosas murchas da minha paixão.


* é... abri o baú. Na esperança que ele seja meio caixa de Pandora, sabe? Pra tirar de lá todos os fantasmas que me amarram as mãos e não me deixam mais escrever...