quarta-feira, 9 de maio de 2007

Lá fora está chovendo


Acordei com o barulho da chuva na minha varanda. A mistura de terra e asfalto molhados, com um toque de árvores lavadas, tem um cheiro inconfundível. Respiro fundo para absorver o dia inteiro, todos os sonhos que tive, mas não me lembro, todos os amores que já foram, os que virão, e Ele - o eleito senhor-de-mim.

Em dias assim, sinto falta de um montão de coisas que eu mesma deixei de lado.

Nesses dias chuvosos, as lágrimas nas janelas choram em silêncio por mim. Porque eu acho bonito aquele choro silencioso cheio de lágrimas que escorrem quietas e ligeiras, meio nascente, rápidas, sabe? E acho intrigante essa nostalgia que me arrebata nos dias de chuva. Não é tristeza pura e simples - é The Blues. Quero ouvir todas as que mais gosto - as que rasgam a alma. Se me perguntarem, não sei nome, data ou qualquer outra informação - tudo isso porque eu sinto a música. E quando tento racionalizar e explicar em palavras, The Blues se vai e minha alma fica num silêncio denso. Aí, prefiro nem falar nada: só fecho os olhos e sinto. Não é tristeza mortal, comum, explicável - é The Blues que me consome, e divino, e esplêndido, e imaculado, lava e escorre lágrimas nas janelas.

Eu sorrio de leve. Leve, quase flutuando, sorrio. The Blues me deixa em paz. E as janelas que choram emprestam uma beleza singular ao meu dia.

Posted by Picasa * fotos de hoje, a caminho da agência...